sábado, 17 de dezembro de 2011

Menina das nuvens

Carol, coral, caro e corado,
Carícia nas ondas do mar,
Delícia dos deuses do ar,
Viagem noturna, sem estrelas, sem cometas,
Só cardápios de manjares de preta

Carol, coral, caro e corado,
Cabelo de cachos e cachos e cachos
Castanhos, castanhas de textura remota,
A tristeza não faz cota nas suas curvas suaves,
Menina das nuvens de céus azuis, sempre azuis

Mario Sergio

sábado, 10 de dezembro de 2011

Ele vem vindo aí

Deixando as ideias rolarem
Como pedras ladeira abaixo e escrevendo sem pensar, vou
Eu sou aquele que clama no deserto. Quer apostar?

Veja só o Mestre vindo aí
Vem usando novas roupas,
Um corte novo de cabelo,
Barba feita...
Será que crucificam de novo?
Será que vão apedrejá-lo
Quando ele começar a falar mal da Coca-Cola ou dos tênis de marca?

Pobre Mestre... Ama tanto a todos nós
E foi, é e será tratado como um cachorro por nos ensinar o verdadeiro sentimento
Ninguém quer amar ninguém, né? Acho que é

Mario Sergio

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Moreninha

Moreninha, linda de rosto e feia de coração,
Eu sou aquele moço que você não liga não,
Eu sou aquele moço que achou que era possível
Um amor entre a sua doçura e a minha educação

Pobre de mim, apeguei-me a uma ilusão
Esses seus olhos verdes não querem me ver
Essa sua boca macia, rosada, desejada nunca me beijou,
Mas a minha alma triste e cansada sempre a almejou

Por que me trata mal se só quero seu bem?
Será que não sou legal, inteligente e charmoso como lhe convém?
Não sei mesmo onde amarrei meu burro por gostar de alguém
Que, além de não gostar de mim, me traz como um zé-ninguém

Porém não desanimo, busco novo arrimo e sigo meu destino. Amém!

Mario Sergio

Psicodelia

Olha só a birrenta,
Quer, quer, quer e não se aposenta

Se contrariada, fica irritada,
Não chega perto senão leva facada,
Não chega perto que seu chicote tem ponta de aço

Eu rio e me faço de palhaço só pra ver faísca,
Entre ser o peixe e ser a isca, eu fico com a linha

Parece bobagem de bêbado, mas quem bebe tem a mente oca,
Aberta pra novas visões de vida
Distorcidas? Talvez... Mas psicodelia também tem valia, negão

Mario Sergio

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Ninfa dos campos

Andando distraído pelos campos,
avistei uma ninfa linda e aos prantos

Perguntei o que sentia,
e ela me disse que seu peito ardia

Seu amado havia ido embora
naquele dia, naquela hora,
e a pobre e linda ninfa estava só e triste agora

Trouxe para perto a bela campreste,
disse que a vida é mesmo agreste,
mas também é milagrosa a quem a veste

Ela não entendeu direito,
porém sorriu de um certo jeito
que me fez querer beijá-la,
que me fez querer abraçá-la
e quem sabe até amá-la...

Mario Sergio

sábado, 3 de dezembro de 2011

Falta-me sanidade

Falta-me o ar,
Falta-me o pensar,
Falta-me o amor próprio
Para não mais te desejar

A minha memória me desespera,
Dilacera este eu que agora é...
Mais seu do que meu

Fico a pensar naquele tempo...
Éramos felizes e sabíamos
Tudo era tudo...

Cada segundo valia eternidades,
Cada minuto jorrava do paraíso,
Cada hora...

Não importa
Agora tu foste embora
E eu tola a chorar,
A esperar algo que não volta

Insano este desejo ardente no meu peito...

Mario Sergio e Narjarah Aguiar

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Você... bem... você não está mais aqui

Noite alta e fria,
mas você não está aqui

Saio lá fora e sinto a brisa me tocar,
mas você não está aqui

Dou alguns passos e expiro a minha alma,
pois você não está aqui

Faz tanto tempo que você não está aqui
que eu esqueci de estar aqui também
Restou apenas uma sombra do que eu era
e menos ainda do que eu seria se você estivesse aqui

Mario Sergio

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Marfim e fim!

No deserto, eu afundo na areia,
Coberto por pensamentos áridos,
Aberto a novos ares
Ares ausentes na imensidão
Na imensidão do vazio marfim

O calor sufocante age na alma,
Usurpa de meu senso sua essência
Quero sentir o frescor de seu ser,
Beber da água vivificante de sua boca,
Mergulhar no oceano de seus pensamentos

Não estou certo do que vejo,
Temo ser uma miragem
Esta luz que ofusca o sol
É o ouro de sua pele

Esta sílica de seus olhos
petrifica meu coração,
Que vítreo e cortante
Não se cansa de partir

Mario Sergio e Antero Pereira

domingo, 27 de novembro de 2011

Sonhe (mas com cuidado)

Sonhos se despedaçam facilmente
São como cascas de ovos
Não os deixe cair senão já era

Sonhos são transformáveis
Podem ser o que quiser que sejam
Não perca o controle da mutação senão pesadelo na certa

Sonhos nos definem e sustentam
Têm o domínio sobre as nossas almas
Não os perturbe com questões fora de hora

Melhor cuidar de cada fantasia, ilusão ou o que quer que seja
Como se cuida de um filho
Com o mesmo amor, dedicação e responsabilidade
Filhos mal-educados costumam dar um trabalho desgraçado
Sonhos mal-educados, então?
Imagine só...

Mario Sergio

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Jardim noturno

Flor do jardim de meu sonho,
Diga o que preciso para tê-la em meus braços,
Provar seu sabor, tocar a corola sem embaraço

Sinto gotas de seu perfume
Que vêm como lágrimas ardentes
Tiram minha vivacidade e põem meu coração doente
Gotas de glória, glória oculta

Venustidade agressiva
Que a meus olhos insulta
Torna o dia um inferno
Com o frio cruel do inverno
Seu todo é tudo em cada olhar, caminhar e deslizar

Sei que sou algo
Mesmo me sentindo nada
Permaneço exilado nesta débil madrugada
Sabendo que querer e poder nunca se encontrarão
Reconhecendo minha ingenuidade por almejar seu coração
Procurando razões para dizer-lhe "Não"

Mario Sergio e Antero Pereira

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Seguir o compromisso

Compromisso
Aceitei o compromisso
Trair a si é se perder no abismo
Comecei no caminho e vou seguir até o fim

Eu sou aquilo, eu sou
Eu sou a dor, a lágrima, o suor, o sangue
Eu sou o sorriso, o riso, a alegria, o contentamento interior
Eu sou aquilo, eu sou

Compromisso
Não voltar atrás
Comecei no caminho e vou seguir até o fim

Mario Sergio

Nem vem

Fada safada, nem vem
Já causou caos demais
Bateu as asas ligeiras,
Espalhou o perfume de pecado,
Fez crescer aquele gostinho especial
E se foi

Sabe quanto eu penei?
Sabe não, então nem vem

Mario Sergio

sábado, 5 de novembro de 2011

Dizem mesmo, hein?

Crocodilos também choram...
É o que dizem
Nem digo nada
Fico quieto

Em boca fechada não entra mosca
É o que dizem
Nem digo nada
Fico quieto

Sacomé? É!
Pois é...

Mario Sergio

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Água e óleo

Sangue vermelho manchando o tapete vermelho
De quem porta um jeito elegante
De quem sabe de tudo,
Mas não sabe nada além
Do que os olhos mostram

Recebam os troféus de honrosa valentia,
Generais da hipocrisia,
Vocês se saíram bem noite e dia
E merecem todos os prêmios

Que tal um drinque?
Vamos, bebam
Toda honra e glória a vocês
Não é isso que buscam?

Enquanto se divertem,
Mais uma tia na favela morre de frio, fome e decomposição
Lindo, né?
Bebam mais

Cadê o vestido de dez mil?
Veste aí, princesa,
E desfila pelas calçadas,
Ri logo dessa distante pobreza

Não é sua, é?
Só na mesma localização geográfica, certo?

Mas óleo e água não se misturam
Ou misturam?

Cuidado, nunca se sabe
Um dia, dorme com diamantes e, no outro, acorda sem dentes

Mario Sergio

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Bicho chato

Volta o bicho das noites frias
E me causa mais um pavor
E me transforma mais um pouco o amor
E me cansa com esse falatório besta

Ele está com fome e quer me devorar
Não tem piedade
Não tem compaixão
Não tem nenhuma humanidade

Gostou de mim por algum motivo
Será um amor antigo?
Será um calor amigo?
Será que é só comigo?

Gostou de mim e vem de tempos em tempos
Quando aparece, parece um tufão
Quando fala, estremece a alma e o coração
Quando vai embora... Quando vai embora?

Mario Sergio

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Ela não vai desistir, hein?

Corrupção, chaga feia, fedida e mil vezes maldita,
devorou vidas, sugou sonhos até o talo,
riu das feridas, montou nas nossas costas, nos fez mil vezes cavalos,
o que você quer?

Quero dinheiro. Muito. Casas. Não, mansões. Carros de luxo
Mulheres. Sim, muitas. As mais belas e caras
Quero passeios pelo mundo, construir castelos, realeza almejada,
poder ilimitado, mandar, desmandar da forma desejada
É isso o que quero e quero bem mais, não me importo com os outros,
são só animais, e todo animal nasceu pra servir, então que me sirvam,
que me deleitem, que me alimentem! Não vou desistir

Mario Sergio

Perdido

Eu sou um diamante bruto,
um diamante bruto em lapidação cruel
Aparam as minhas arestas com doído cinzel

Eu sou um anjo sem asas, auréola ou lugar no Céu,
preso na Terra por um erro tolo, oculto no Véu
Quem me vê não imagina o quanto eu caí

Antes do nada, eu era tudo, tudo e junto ao Todo,
mas me desgarrei do rebanho e os lobos me abocanharam sem dó

A ovelha negra perdida, esperando o Pastor,
esse sou eu, esse eu sou

Mario Sergio

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Ode ao pum

Ele vem quietinho, não faz alarme
Você senta tranquilo, o fundo arde
Você sabe, em breve, o momento fatal
Se estiver numa fila, banco, cinema, hospital,
melhor segurar, o safadinho vai vir sem dó, sem pensar

Ele é um ninja assassino, derruba quatro, cinco meninos
Você conhece suas proezas, não o manifeste sentado à mesa
Você pensa em contê-lo, até se esforça, mas mantem o receio
Se ele for só o apito da locomotiva que vem em seguida,
melhor fechar a barragem, irmão

As moças recatadas dizem que não são seus partidários
Mentira, põem tudo pra fora atrás do armário
Os padres de batina fazem o ar se agitar durante as missas
Tire as velas de sete dias daí, vai nos matar, vai tudo explodir
Os soldados no fronte soltam tantos que ninguém sabe de onde vem o fuzil
Pow, pow, pow, pum, pum, pum, pow, pum, pow, pum, pow, pum

Me emociona lembrar quantos deles pus pra fora num bar
Me emociona dizer que mais vale mil puns sadios do que não fazer
Me emociona escrever sobre o escapamento sagrado
e, enquanto escrevo, solto um pum refinado, bem acabado

Mario Sergio

domingo, 16 de outubro de 2011

Tempo, devolva-me o que me deve

Passe, Tempo, bem depressa
Quero agora aquela hora que espero
Passe, Tempo, ande logo
Não sei se aguento, não sei se aguento

Cada minuto, cada hora, cada dia, cada semana,
Cada instante, cada período é uma era
Que não traz paz, não traz amor, não traz nada

Estou com sono, com frio, com fome e sede
Cadê a cama aconchegante?
Cadê o cobertor reconfortante?
Cadê o prato saboroso do manjar tanto mirado?
Cadê o copo adocicado do vinho puro, desejado?
Cadê, Tempo? Cadê?

Mario Sergio

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Indo e indo e indo

Descendo a ladeira a qualquer hora no sol quente,
pensando na vida e esperando uma morte digna
Talvez um lugar bom pra descançar,
talvez um lugar melhor do que esse lar

Mordendo e sendo mordido por mosquitos sedentos de suor
Escravizado por escravos de coisas valorizadas sem valor
Eu sou mais um andarilho que não pode andar
Eu sou um elefante perdido no meio da manada
Eu sou mais um daqueles que falam, falam, falam e não dizem nada

Mas vou tentando passar uma mensagem de paz, amor e força
Mas vou esperando com um sorriso sem sentido e bobo no rosto
Mas vou indo e indo e indo sem ter onde chegar

Sem ter onde chegar
Sem ter onde chegar...
Sem ter onde chegar?

Mario Sergio

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Fria estação

Pobre garoto, não tinha esperanças nem sonhos,
só pequenos desejos não definidos
Pobre garoto... pobre garoto...

Sentou no chão frio da estação e chorou quente
Ninguém entendia o porquê,
mas seu coração estava quebrado em mil partes

Despeçado por um motivo desmotivado,
sem razão mas tão arrazoado,
seu coração batia num ritmo descompassado

Até então, nenhuma mão lhe tinha secado as lágrimas,
porque as lágrimas nunca tinham caído,
tinham ficado presas em algum lugar secreto da alma

Agora elas caíam. Caíam quentes como magma
Ardiam como sal em ferida. Doíam como nunca
Nenhuma mão estava lá

A estação parecia distante de sua dor
Cada homem e mulher ocupava-se consigo mesmo
Ninguém via ninguém de verdade

Mas ele continuava chorando,
e as pessoas continuavam passando,
e as lágrimas rolando,
e a dor aplacando

Por fim, levantou-se, seguiu
e o chão ficou com uma pequena poça
que logo foi limpada por alguém
que nem pensou no porquê

Mario Sergio

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Como o mar

Em ondas, tudo vai e vem
Em ondas, como o mar

Um dia, alegre
Outro dia, também
Um dia, triste
Outro dia, também
Um dia, sim
Outro dia, não
Um dia, não
Outro dia, sim

Tudo vai e vem
Tudo vem e vai
Tudo vai e vem
Tudo vem e vai

Em ondas, tudo vai e vem
Em ondas, como o mar

Mario Sergio

domingo, 28 de agosto de 2011

Perfeito Matrimônio

Cálice do mais puro vinho,
dê-me um pouco do seu néctar de Vitória,
sou mortal, mas desejo ser divino

Cálice sagrado procurado pelos tempos,
dê-me a Compreensão da Verdadeira Vontade,
quero o Céu, mas o apego a Terra é sôfrego

Taça das taças, cheia de Compaixão,
deixe-me mergulhar o cetro flamejante do meu querer
no seu mar escuro

Não me negue o Casamento Sagrado,
não me negue Vitória, Compaixão e Compreensão

Mario Sergio

domingo, 7 de agosto de 2011

O elefante "preso"

Tinha um elefante muito do potente
Quebrava muro, quebrava poste, quebrava casa; assombrava toda gente
Mas o bichinho vivia preso e amarrado por uma cordinha
enfiada numa estaca bem fininha . Que coisinha!

O pobrezinho era assim porque desde pequeno vivia nessa situação
Certa vez, tentou quebrar a corda, romper o fio que lhe prendia na solidão,
mas era fraquinho, era magrinho e não teve forças então

Agora é bem grandão, é fortalhão, mas não quebra a corda não
Aprendeu a viver preso, essa é sua condição
Essa é sua condição? Nã, ná, ni, ná, não!

Mario Sergio

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Acho que sou um filho do Sol

Ela quer comprar uma passagem para o Céu
Pobre tola, não sabe que todo homem e toda mulher é uma estrela
Ela quer porque quer comprar uma passagem para o Céu
Não sabe, por acaso, que os valores monetários daqui não servem de nada lá?
Ela quer, quer, quer, não adianta argumentar

Certa vez, um coelho branco como a neve me disse:
"Vai e faz o que tu queres, pois é tudo da Lei"
Eu tirei a roupa e corri no meio da multidão,
me senti bem e me senti livre, não sei o motivo,
mas acho que eu sou um filho do Sol

Quando eu me viro a noite, eu sinto frio e tremo
Às vezes, um anjo negro vem e me diz:
"Faz o que tu queres, pois é tudo da Lei"
Eu levanto assustado, o sonho era mesmo um sonho?
Não sei, nunca sei, não quero saber,
mas acho que sou um filho do Sol

Ela quer mesmo a tal passagem, insiste cada vez mais,
mas eu sempre digo:
"Faz o que tu queres, pois é tudo da Lei"
Por que eu digo isso? Espera! E o coelho? E o anjo? Cadê?
Não sei, nunca sei, não quero saber,
mas acho que sou um filho do Sol

Mario Sergio

Esse tal lugar

Além deste vale de lágrimas, deve haver um lugar...
um lugar lindo onde eu possa amar,
um lugar infinito que me possa alegrar,
um lugar bem, bem, bem distante de tudo o que me faz chorar

As noites mais frias do ano eu poderei esquecer. Pra que lembrar?
Os dias mais quentes, tórridos não vão mais me incomodar
As tardes sombrias, vazias, de tristeza e agonias não vão mais voltar
Só luz, frescor, aromas incríveis, sons de primor vão me alcançar

Espero que exista mesmo esse tal lugar...
mas, enquanto estou aqui, vou me empenhar
pra transformar o meu jardim em algo de se admirar
e que eu possa, um dia, conhecer esse tal lugar. Será que vão deixar?

Mario Sergio

terça-feira, 19 de julho de 2011

Confissão

Confesso que amo, mas não sei se vale a pena amar
Confesso que tenho medo, mas não sei se vale a pena temer
Confesso que estou triste, mas não sei se vale a pena estar
E confesso que precisava confessar tudo num poema banal

Nem só de letras se fazem os poetas (ainda mais os poetas despoetizados)
Nem só de palavras, versos, estrofes, metáforas mal-acabadas
Os poetas também comem, bebem, suam
Os poetas também choram, riem, gritam
Os poetas também vivem (ou, pelos menos, pensam viver)

Eu sou poeta (não dos melhores, eu sei)
Eu vivo (ou penso viver. Talvez apenas sobreviva)
Eu choro, rio, grito (gritos escondidos, nunca ouvidos, só por mim sentidos)
E eu como, bebo, suo (não tanto. Que suar é coisa de homem e eu sou um moleque)
E eu não sou feito de letras, versos, estrofes, metáforas mal-acabadas (não totalmente)

Mario Sergio

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Lá fora, aqui dentro

Lá fora, o Sol brilha e vivifica tudo
Aqui dentro, você brilha e me vivifica inteiro

Lá fora, a Lua ilumina a noite tenebrosa
Aqui dentro, você ilumina a minha alma triste, carente

Lá fora, as estrelas fazem festa no céu
Aqui dentro, você faz festa no meu peito
Pula e dança como uma fada sapeca

Tudo o que existe lá fora você traz pra aqui dentro
Tudo o que existe lá fora você transforma aqui dentro

Mario Sergio

quarta-feira, 22 de junho de 2011

As duas ou nada

Loira dos olhos verdes,
me queira e me deixe lhe ter
Quem sabe nos dias cinzentos
eu possa amá-la e vê-la viver

Morena dos lábios rosados,
me abrace e me beije sem medos
O amor é um mar de tormentos,
mas sou capitão e sei seus segredos

São duas delícias e duas maldades
Se escolho a Melissa, esqueço a Ana
A loira dengosa ou a morena picante?

São duas musas e duas beldades
Se perco as duas, minha vida se dana
Se uma é esposa, a outra é amante!

Mario Sergio

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O anjo caído e a sereia Iemanjá

Deitada plácida ao luar,
ela olha pra cima e me vê chegar
Eu sou um anjo caído, ela a sereia Iemanjá

Na areia branca próxima ao mar,
ela estende a mão e me deixa beijar
Eu sou um anjo caído, ela a sereia Iemanjá

Seus olhos são verdes esmeraldas a cintilar
Seus lábios são vermelhos rubis a convidar
Seus braços são brancos regaços , um belo lugar
Eu sou um anjo caído e ela... ela tem o meu amar

Mario Sergio

sábado, 18 de junho de 2011

Vem, Musa

Ó, Musa, lembre deste pobre poeta
e inspire os meus versos nas noites da alma

Eu só quero cantar e contar tristeza,
eu só quero cantar e contar alegria,
eu só quero ser o seu servo nas noites da alma

Ó, Musa, derrame sobre mim o doce mel da sua boca
e atravesse a minha alma com o vento fresco do seu respirar

Ontem eu chorei sem lágrimas e hoje não posso chorar,
ontem eu chamei os anjos e eles não vieram me ajudar,
ontem eu esperei você e você não veio me visitar

Ó, Musa, não olvide deste pobre poeta
e não me deixe triste ou alegre sem poder versar

Mario Sergio

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Simples

Eu quero um jumento
e um sítio pra morar
Uma macieira
e três pereiras no pomar

Eu quero uma morena, uma loira, uma ruiva,
tanto faz,
mas uma moça doce pra beijar

Eu quero um moleque (ou moleca)
dizendo "eca" vendo uma lesma deslizar,
dizendo "papai, vamo pra ciranda cirandar"

Eu quero pouco
e não peço nada
Os desejos simples
e simples os sonhos

Mario Sergio

terça-feira, 14 de junho de 2011

Vontade, vontade, vontade

Vontade de nascer
Vontade de morrer
Vontade de renascer
Vontade de ser
Vontade de estar
Vontade de ter

Vontade, vontade, vontade

Mario Sergio

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Moça, mocinha, moçona

Moça, mocinha, moçona,
eu andei pelos desertos da morte
antes de encontrar você,
eu era um andarilho triste e sem sorte
antes de conhecer você ,
eu estive preso mil vezes sem saber
antes de saber que o amor é a vida e amar é viver

Agora que achei você,
eu venderia a minha alma ao Inferno
só para sentir o divino dos seus abraços,
eu mataria cem ursos no inverno
só para ouvir o calor dos seus cantares

Agora que achei você,
eu sou o escravo das correntes dos seus cabelos,
eu sou o sacerdote da religião dos seus segredos

Moça, mocinha, moçona, agora que achei você, eu me perdi

Mario Sergio

domingo, 5 de junho de 2011

O mundo tem surdos de mais

A tarde passou,
a noite chegou,
daqui a pouco,
o dia acabou

O moço falou,
ninguém escutou,
taparam os ouvidos,
não ouvem sua dor

Mario Sergio

Bom soninho

Choro, choro, choro
Imploro, imploro, imploro
Me ignoram e voltam a dormir

Não é do interesse de ninguém acordar
Se acordam, voltam a dormir outra vez

"Dorme neném que a Cuca vem pegar..."

Mario Sergio

Nasço da sua falta de amor

Venho do fogo, do enxofre, do escuro, do açoite
Venho da noite, da nuvem, da ferrugem
Venho de toda a mágoa, de todo o rancor, de toda a mácula
Venho da sua falta de amor, nasço da sua falta de amor

Sou o anjo torto com tortos sonhos nas mãos
A minha auréola é negra como negro o coração
Sou o anjo torto com tortos sonhos nas mãos

Você me cria, recria em cada pensamento
Você me cria, recria em cada julgamento
Você me cria, recria e eu crio, recrio esse seu tormento

Mario Sergio

Vou nas asas do vento

Vou voar nas asas do vento sem direção
Vou voar sem paradas,
sem estações,
sem moradas,
sem habitações

Vou voando sem saber aonde ir
Vou voando sem saber chorar ou sorrir
Vou voando, vou voando, vou voando... pois voar é preciso

Mario Sergio

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Você é Deus

Você é causa e consequência de tudo
Você é princípio e fim de tudo
Você é caminho e descaminho de tudo
Você é meu sonho e me sonhou
Você é meu alimento e eu sou seu
Você é meu tudo e meu nada
Você me vivifica e me mata o tempo todo
Você me perde e me ganha o tempo todo

Você sempre foi, sempre é e sempre será: Deus!

Mario Sergio

domingo, 15 de maio de 2011

Amarga ilusão

Homem, tolo, homem,
por que queres a exterminação?
Não sabes que a morte não lhe é permitida?

Engendras teorias sobre teorias
buscando uma saída para a vida
Achas que a morte é o final de tudo,
melhor digo, desejas que assim seja

Pois viver é tão cruel e tão difícil
que viver mais do que vives seria um mar de agonias
Mas essa voz no fundo da tua alma diz:
"A morte não é o fim, é só um novo começo"

Mario Sergio

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Dúvida cruel

Essa dúvida me mata
Nenhuma paz é paz pra mim
Se durmo, durmo acordado
Se desperto, desperto dormindo
Se amo o Sol, odeio a Lua
Se amo a Lua, odeio o Sol
Se vejo você, você não me vê
Se você me vê, não vejo você
Se é calor, eu quero frio
Se é frio, eu quero calor
Se estou no inferno, desejo o paraíso
Se estou no paraíso, desejo o inferno
E essa dúvida ainda me mata

Mario Sergio

Dias e dias de brancos sorrisos

Linda sem sangue nas veias
Feia sem coração
Me trouxe pra o inferno
Me deixou só no inverno

Como um anjo me seduziu
Prometeu o paraíso
Prometeu dias e dias de brancos sorrisos
Como um tolo eu mergulhei no mar

Nunca fui marinheiro
Nunca fui soldado ou guerreiro
Entrei na guerra, perdi pernas e braços

Mario Sergio

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Bravo homem

Bravo o homem que te vê,
não te deseja
e não se lembra de você
por toda a Eternidade

Pois ver o Paraíso,
não desejá-lo
e viver no Inferno para sempre
é a maior prova de coragem que se pode encontrar

Mario Sergio

Mundo safado

Salvar o mundo... Que tolice!

O mundo não quer ser salvo
Está sorridente
Apesar dos gemidos de dor, sorri

Safado masoquista!

Mario Sergio

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Pobre leão

O leão bem alimentado numa jaula
vive triste e desolado
Trocaria todas as regalias da prisão
por uma boa caçada ao ar livre

O vento batendo na juba,
o toque da relva pelo corpo,
o calor do chão sob as patas,
tudo o que ele ama e não pode ter

Pobre leão

Mario Sergio

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Paula Daniela

Paula, Lela, Lola, Daniela,
moça risonha, cantora bisonha,
mas amiga sem fim

Paula, Lela, Lola, Daniela,
anjo sorrindo, alegrando, sumindo,
vem do nada e acorda
uma gargalhada dorminhoca em mim

Mario Sergio

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Sou poeta(?)

Queria expressar em versos simples
os sentimentos mais tolos e sublimes
Queria poder dizer tudo o que penso
da forma mais pura e verdadeira,
da forma mais clara e sem besteira

Mas sou poeta impoetizado
Incapaz de captar o momento
e verter o lamento
em estrofe de beleza singela

Sou poeta sem poesia
Só dor, amor e alegria
convertidos em linha sobre linha

Mario Sergio

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Movimento Vital

A beleza da vida não está nos carros importados,
nos apartamentos bem cotados
A beleza da vida está nos gestos delicados,
nos abraços de amigos fiéis e devotados,
nos cuidados de amores cultivados

O que eu peço da vida eu peço de mim mesmo:
paz, amor e sabedoria
Encarar a dor e a agonia com um sorriso esperançoso,
pois as lágrimas secam com o tempo e as feridas sempre se fecham

O tempo passa e isso é bom
A Lua caminha no céu cheia, minguante, nova e crescente
mostrando à gente a maravilha da mudança

Se hoje choro, amanhã rio como uma criança
Se hoje a morte é forte, amanhã é só uma lembrança
Se hoje esqueço de Deus, amanhã Ele sou eu na minha Andança

Mario Sergio

Eterno Ciclo

Passa ano, passa mês, passa semana
Passa dia, passa hora, passa segundo
Verão, outono, inverno, primavera
Nascer, crescer, morrer, renascer

Tudo é mudança
Tudo é não mudança

Um dia, isto, outro dia, aquilo
Um dia, isto, outro dia, aquilo

O Ciclo segue uma eterna andança
sem começo, sem chegada,
sem uma estação, sem uma parada
Deus é o Universo, Deus é a Morada

Mario Sergio

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Pintor de almas

Não tenho visto
Não tenho passaporte
Quem eu sou?
Onde eu habito?
Sou um pintor de almas
Habito estes olhos cansados

Estão vendo? Vejam
Eu não vejo. Não tão claro
Os meus olhos são cansados
Mas as almas pintadas por mim são as mais belas
Duvidam? Vejam
Eu não vejo. Não tão claro

Mario Sergio e Felipe Celline

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Querido diário

Querido diário, tenho uma confissão
Mais um dia passou e eu não amei um montão
Não amei o meu pai, a minha mãe e não amei um irmão
(O jogado no chão)

Querido diário, tenho uma questão
Por que é tão difícil se render ao apelo do bom coração?
Por que é tão difícil estender a mão a um irmão?
(O jogado no chão ou o triste deitado no meu próprio colchão)

"Querido escritor, me rabiscas buscando o que não posso te dar
Tens tudo aí dentro, nesse lindo lugar
Os humanos são flores, precisam de terra, sol e de alguém para regar
Se não te sentes seguro, não podes amar"

Mario Sergio

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Tictaca, relógio

O relógio tictaca sem parar
Tictaca, tictaca, tictaca
E você não quer me amar
Não quer amar, não quer amar, não quer amar

Por que não quer me amar?

O relógio tictaca sem parar
Tictaca, tictaca, tictaca
Se você não me amar, o amor vai se acabar
Vai acabar, vai acabar, vai acabar

Mario Sergio

Vem, minha menina

Vem, minha menina
Vem, minha pequenina
Quero sentir o gosto desse café na sua boca
Quero sentir o gosto dessa alma na minha alma oca

Quem sabe eu consiga sair do escuro
Quem sabe o brilho desse sorriso ilumine os meus passos

Só sei que nada sei além da vontade de ter você
E isso é tudo o que me importa saber
Tudo, tudo, tudo

Vem, minha menina

Mario Sergio

terça-feira, 12 de abril de 2011

Sentidos humanos

Humana carne, humana alma
e tão humanos os sentidos
que nem os humanos são sentidos

Não são sentidos quando gemem, gritam, choram
Não são sentidos nem com fome, sede, frio
Eles nunca são sentidos

Não por sentidos humanos

Mario Sergio

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Lua

Lua, lua dos poetas e dos amantes,
penso nos mistérios do Céu a todo instante

Lua, quando te vejo prata na noite negra,
me sinto pequeno e só
Me sinto tão triste...

Lua, me conta os teus segredos?
Me desvenda os véus do medo?
Me desvenda os mistérios do Céu...

Mario Sergio

Mestre

Mestre, ouça o meu clamor
A minha oração é sem sentido,
também é sem vigor,
mas mantenho uma gota de fé comigo,
também mantenho um certo amor

Mestre, creio que crer é uma loucura,
mas sou louco sem temor ou amargura
Sou louco, mas não sou doido
Ainda mantenho um pé atrás
Às vezes, os dois

Mestre, acreditar sem pensar
é como mergulhar sem saber nadar
Preciso de um fio de razão,
um fio firme de razão,
que me leve até o País Mágico

Até o País Mágico...

Mario Sergio

sábado, 26 de março de 2011

Metáfora?

Sou da terra,
sou do céu,
sou da Lua
e, como a Lua, tenho fases

Sou da serra,
visto seda,
ando nua,
tenho fases

Sou
Nunca sou
Visto a Lua
Eu sou a Lua?

Claro que sou!
Claro que não sou!
Sou metáfora
Sou?
Tenho fases

Mario Sergio e Danniel Valente

quarta-feira, 16 de março de 2011

Casa de barro num monte de areia

Mais uma pá de terra, mais uma pá de terra
Mais uma pá de terra, mais uma pá de terra

Estou construindo uma casa de barro
Uma casa de barro num monte de areia

Se a chuva vier forte...
Se a chuva vier forte...
é adeus sorte
e bem vinda morte

Mario Sergio

terça-feira, 15 de março de 2011

Nenhum valor

A sua beleza não tem nenhum valor,
é só um monte de carnes e ossos
conformados em um aspecto agradável

O seu amor não tem nenhum valor,
é só um monte de gestos e palavras
conformados em interesses imediatos

A sua verdade não tem nenhum valor,
é só um monte de venenos e mentiras
conformados em fugas da realidade fria

Você não tem nenhum valor,
é só um monte de beleza, amor e verdade irreais

Mario Sergio

segunda-feira, 14 de março de 2011

Na vitrine

A criança sonha
com um céu bem azul
A criança fica tristonha,
só vê um céu sem azul

Cadê o azul do céu?
Cadê o sorriso de mel?
Cadê a chuva e o pastel?
Cadê a prima Bebéu?

Está tudo na vitrine
Vai lá na vitrine

Mario Sergio

domingo, 13 de março de 2011

Ontem e hoje

O mundo dá voltas
Veja, é bem verdade

Ontem a liberdade,
sorrisos cheios de dentes,
amores sem serpentes,
sonhos e alegria

Hoje a prisão fria,
a agonia,
a noite que não termina,
o dia que não começa

Ora essa...
quem diria...

Mario Sergio

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Ama, menino

Se amas quem te odeia
e odeias quem te ama,
estás perdido
como um doente em sua cama

Se amas quem te ama
e odeias quem te odeia,
estás perdido
como uma mosca em sua teia

Ama, menino, quem te odeia
Ama, menino, quem te ama
Sai, menino, dessa teia
Sai, menino, dessa cama

Mario Sergio

Não espere carinho

É um exemplo de menino
Comportado, educado e um pouco feminino

Faz tudo o que querem, não pensa sozinho
Se age, age assustado, tem medo do destino

Acorda, menino!
Não existe destino!
Você é quem traça o seu próprio caminho!
Se quiser ser alguém, seja alguém sozinho
Não espere um abraço, um beijo; não espere carinho!

Mario Sergio

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Estou cativo

Me soltem!
Me soltem!
Me soltem!

Me tirem deste inferno!
Me tirem deste tormento!
Já não aguento!

Estou com frio!
Estou com sede!
Estou com fome!
Estou com sangue nas veias!
Quero viver!

Mario Sergio

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Amor e Vida

Quem disse que amar é viver e viver é amar?
Quem foi o sábio ou o tolo a dizer tamanha verdade ou mentira?

Quando amo, vivo...?
Quando vivo, amo...?

Mario Sergio

Blasfêmia

Estão vendo o gari varrendo a nossa sujeira?
Ele varre cantando
Ele varre dançando
Ele vive cantando e dançando

No meio do lixo, ele é luxo,
um nobre senhor, um sábio bruxo

E eu?
E vocês?
Blasfemamos

Mario Sergio

Entende o que digo?

Sol, Sol, Sol,
Lua, Lua, Lua,
me iluminem no dia,
me iluminem na noite

Já não sou quem soía
Já não sinto o açoite

O escravo virou senhor,
mas o senhor ainda é escravo

Quem entende o que digo
merece um abraço apertado

Mario Sergio

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Está frio lá fora (só lá fora?)

Ninguém consegue ver? Ouvir? Sentir?
Está frio lá fora
Há crianças descobertas lá fora
Estão chorando lá fora
E agora?

Os deserdados do mundo pedem socorro
Alguém os escuta?
Quantos tentam curar suas feridas?
Quantos lembram da existência de suas vidas?

Estão sós
Sim, sós
Sós como eu

Mario Sergio

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Minha sombra

É preciso amar como se ama a si mesmo
Quando não se ama a si mesmo,
amar é uma mera ilusão
Só mais uma forma de mascarar a própria
sombra

A minha sombra fala comigo o tempo todo
Me diz o que eu detesto ouvir
Me diz os mistérios do fogo, da água e do ar
Mas eu sou terra, não quero saber

Essa insistência em querer que eu a ouça
me faz perder o controle
Eu me choco contra as rochas
Eu me jogo dos penhascos sem fim...

Mario Sergio

Não vá pisar (muito) na merda

Diz o velho ditado:
"Em terra de cego, quem tem um olho é rei"
Eu digo: "Em terra de cego,
quem tem um olho não pisa na merda"

É bruto? É, eu sei. Mas não quero ser rei
Só quero poder caminhar sem sujar (muito)
as minhas botas

Quem anda no lamaçal não pode ser fraco
Passar mal? Não brinque comigo, garoto
Seja homem, enfrente as fúrias do vermelho, azul e branco monstro

Mario Sergio

Gordura infernal

Todos juntos num banquete funerário
Irmãos? Não, não. São só mais carne
E, quanto mais carne, mais gordos os filhos
dos senhores do mundo

Tanta gordura me faz sentir o gosto ácido do Inferno

Mario Sergio

Almas saborosas

Comeram as almas dos homens
como se come as carnes dos bichos
Mastigaram vorazmente
e tiveram o cuidado de cuspir os ossos fora

Quem seria o louco de se engasgar com os ossos?

Mario Sergio

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Perdido

Nem o mar, nem a terra, nem a Lua,
nem a moça sentada na rua
podem me fazer esquecer
dos dias tristes que passei sem você

Moça, me ouça
Eu grito, eu choro; você não liga
Eu imploro; você faz birra
Eu ignoro; você vem, me perturba,
me tira o sono, me põe na curva

Me põe na curva, me põe na curva...
Já estou perdido
Espírito do Céu banido,
por você nem por Deus sou querido

Mario Sergio

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Me queimei

Os encantos da noite
me trazem o açoite
que tento esquecer

Outrora senhor, agora escravo
Escravo da dor do não amor
Escravo do passado maldito,
do futuro mil vezes predito

Quem brinca com fogo
se queima
Não tem jeito,
não tem reza nem rogo
Quem brinca com fogo
se queima

Me queimei!

Mario Sergio

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Quero ser, logo sou

Eu sou o que quero ser
Isso é tudo da Lei

Se quero sentir, sentirei
Se quero ouvir, ouvirei
Se quero ver, verei

Da minha alma sou rei
Do meu destino abdiquei

Eu quem crio o meu mundo
Pode ser puro, pode ser imundo,
mas sou eu quem crio o meu mundo

Crio, recrio
Penso, repenso
"Não sei quem sou..."
"Já sei quem sou!
Tudo faz parte
da maldita (ou bendita) arte
de ser o que Sou

Mario Sergio

Seu moço!...

Ohhh, seu moço!
me dá dinheiro?
Tou com fome,
mas da carne só tenho osso,
da fruta só caroço

Tou cansado desse troço
Sou um troço, seu moço
Ninguém me escuta nem vê chorar
Se eu canto ou se morro, ninguém vai se importar
Sou um troço, seu moço

Menino, isso é com o governo
É problema do governo

Moço, eu não sei dessas coisas não
Não sei de governo, de Estado, de Sistema
e nem de "Pátria amada idolatrada",
quero só um pão
Tou cansado dos farelos da Vida, tou cansado do Nada

Mario Sergio

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Quem é você?

O mel dos lábios seus
são veneno,
são engano,
me iludem
e tiram o sono

O brilho dos olhos seus
são o que eu quero
Eu os amo e os venero

Nem sei quem é você,
mas o seu nome chamo sempre
Na noite fria ou no dia quente,
o seu nome eu chamo sempre

Mario Sergio

domingo, 16 de janeiro de 2011

Seja!

Sabendo que nada sabia,
me perdia
na periferia
vazia
do meu coração sem ousadia

Ousem se quiserem sorrir novos dias!
A alma pacata não sente na lata o pleno estar vivo!

Seja homem, seja bicho!
Seja mulher, seja comigo!
Mas seja!
Seja, caramba!
Seja!

Mario Sergio

sábado, 15 de janeiro de 2011

O anjo andarilho

Em uma longa estrada, um andarilho solitário caminhava
Em seus olhos, havia notas de uma canção sonhada,
que ao longo de sua jornada
foi inúmeras vezes cantarolada

Esse andarilho também tinha asas
Ele fora um anjo que ansiava viver como mortal
nesta terra tão desigual
Entender, saber, sentir e sorrir
como homem que aqui ama, sofre e chora
por um amor de outrora

Ele sempre irá caminhar
Nunca desistirá de procurar a verdade da vida
O porquê de ser e o porquê de aqui estar

Narjarah

(Esse poema é uma linda homenagem de uma linda amiga. Eu não mereço ele, mas agradeço sinceramente. Valeu, Nanah!)