domingo, 27 de novembro de 2011

Sonhe (mas com cuidado)

Sonhos se despedaçam facilmente
São como cascas de ovos
Não os deixe cair senão já era

Sonhos são transformáveis
Podem ser o que quiser que sejam
Não perca o controle da mutação senão pesadelo na certa

Sonhos nos definem e sustentam
Têm o domínio sobre as nossas almas
Não os perturbe com questões fora de hora

Melhor cuidar de cada fantasia, ilusão ou o que quer que seja
Como se cuida de um filho
Com o mesmo amor, dedicação e responsabilidade
Filhos mal-educados costumam dar um trabalho desgraçado
Sonhos mal-educados, então?
Imagine só...

Mario Sergio

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Jardim noturno

Flor do jardim de meu sonho,
Diga o que preciso para tê-la em meus braços,
Provar seu sabor, tocar a corola sem embaraço

Sinto gotas de seu perfume
Que vêm como lágrimas ardentes
Tiram minha vivacidade e põem meu coração doente
Gotas de glória, glória oculta

Venustidade agressiva
Que a meus olhos insulta
Torna o dia um inferno
Com o frio cruel do inverno
Seu todo é tudo em cada olhar, caminhar e deslizar

Sei que sou algo
Mesmo me sentindo nada
Permaneço exilado nesta débil madrugada
Sabendo que querer e poder nunca se encontrarão
Reconhecendo minha ingenuidade por almejar seu coração
Procurando razões para dizer-lhe "Não"

Mario Sergio e Antero Pereira

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Seguir o compromisso

Compromisso
Aceitei o compromisso
Trair a si é se perder no abismo
Comecei no caminho e vou seguir até o fim

Eu sou aquilo, eu sou
Eu sou a dor, a lágrima, o suor, o sangue
Eu sou o sorriso, o riso, a alegria, o contentamento interior
Eu sou aquilo, eu sou

Compromisso
Não voltar atrás
Comecei no caminho e vou seguir até o fim

Mario Sergio

Nem vem

Fada safada, nem vem
Já causou caos demais
Bateu as asas ligeiras,
Espalhou o perfume de pecado,
Fez crescer aquele gostinho especial
E se foi

Sabe quanto eu penei?
Sabe não, então nem vem

Mario Sergio

sábado, 5 de novembro de 2011

Dizem mesmo, hein?

Crocodilos também choram...
É o que dizem
Nem digo nada
Fico quieto

Em boca fechada não entra mosca
É o que dizem
Nem digo nada
Fico quieto

Sacomé? É!
Pois é...

Mario Sergio

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Água e óleo

Sangue vermelho manchando o tapete vermelho
De quem porta um jeito elegante
De quem sabe de tudo,
Mas não sabe nada além
Do que os olhos mostram

Recebam os troféus de honrosa valentia,
Generais da hipocrisia,
Vocês se saíram bem noite e dia
E merecem todos os prêmios

Que tal um drinque?
Vamos, bebam
Toda honra e glória a vocês
Não é isso que buscam?

Enquanto se divertem,
Mais uma tia na favela morre de frio, fome e decomposição
Lindo, né?
Bebam mais

Cadê o vestido de dez mil?
Veste aí, princesa,
E desfila pelas calçadas,
Ri logo dessa distante pobreza

Não é sua, é?
Só na mesma localização geográfica, certo?

Mas óleo e água não se misturam
Ou misturam?

Cuidado, nunca se sabe
Um dia, dorme com diamantes e, no outro, acorda sem dentes

Mario Sergio