segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Eu e você

Tem sido um longo deserto, sem oásis por perto
Sede que nunca cessa, fome que nunca parte
Viajante cansado e despedaçado

Sem oásis, você diz
Sedento e faminto você se sente
Cansado e despedaçado? Mal começou...

Então acorde, você que dorme
Ainda faltam muitos e muitos passos
Os seus pés não estão gastos o bastante

Acorde, você que sonha de olhos abertos
Ainda tece teias que te prendem mais e mais?
Deixe de besteiras e comece a destroçá-las

Acorde, você que duvida
Eu te fiz e te mantenho. Confie e Eu te guiarei
Amassarei o barro e darei a forma que Eu quiser ao vaso

Acorde, levante e ande
Todas as cordas serão partidas
Receba o fôlego de mil vidas

Apenas Eu e você. Nenhum outro domínio

Mario Sergio

Pequena

Moça pequena
Leveza de uma pena
Firmeza de uma rocha
Transparência que chega e arrocha

Não há como esconder desses olhos
A beleza da alma
Que é tão límpida e clara
Que encanta os anjos

Moça pequena, pequena e bonita
Será uma fada? Uma sereia... Uma dourada, de ouro, pepita
Vi nos altos céus o teu nome estampado
Nas mãos do Senhor tudo estava firmado

Glórias e glórias de uma vida infinita
Transbordante como a ágil libélula
Tão de acordo com a linda face que tens
Tão ausente nos noticiários do mundo...

Mario Sergio

Não sou

Sou soul
Sou som
Sou céu
Sou seu
Sou sempre
Sou são
Sou. Sente
Sou? Não

Mario Sergio

Bem perto

Despontando no horizonte,
O lindo Sol vem radiante

O convite para viver
O convite para viver

Cheio de dignidade,
E benignidade

Ele clama entre altos montes
Ele nos chama a tempos extasiantes

O convite para viver
O convite para viver

Os céus são nossa morada,
E já beiramos a alvorada

Que se levantem os dormentes
Que se levantem entre as gentes

É o convite para viver
É o convite para viver

Mario Sergio

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Retrans(missão)

Cavei uma sepultura pra enterrar os meus medos
Cuspi pra o alto e corri pra desafiar o perigo
Eu pulei do mais alto ponto de mim mesmo
Eu cheguei nas mais profundas rotas do meu coração
Vi demônios e anjos
Beijei santos e pecadores cheios de imundície
Eu sangrei, e suei, e chorei, e gritei
Eu comi, bebi, arrotei e peidei, desafiei a lei, desafiei a lei
Estive entre os perdidos do Inferno, mas gozei o Céu
Fui aquele quebrado, despedaçado entre as baratas
Eu conversei com as ratazanas, e raposas, e serpentes
Eu ouvi histórias de um monge, de um padre, de um pastor
Estapeei o rabino por puro prazer, e xinguei o papa sei lá por quê
Abracei almas sofredoras, um ósculo caridoso na testa delas
Eu cantei, versei, poetizei, e seduzi moças incautas
Eu as deixei de pernas abertas, e calças molhadas
Também saí escrevendo coisas, como se soubesse escrever
E lambi os dejetos do mundo pra retransmitir com uma carinha fofa (ou não)

Mario Sergio