domingo, 24 de março de 2013

Perfume de delícias

Amor... Até quando se manterá esquivo?
Não finja que não me conhece
Temos uma relação conflituosa desde o começo

Eu te disse palavras duras e recebi argumentos suficientes
Então pensei que soubesse tudo o que precisava sobre você
Ledo engano, Amor. Não sei nada. A sua existência é mistério e confusão

Amor, esta noite, eu tive sonhos loucos, Amor
Vi em ruas diamantinas imagens de mártires queimados vivos
Eles estavam bem convictos do que queriam e muito bem do que criam, Amor

Eu sempre me desviei, sempre me desviei. Até não poder mais me desviar
E agora na encruzilhada da vida, mais uma de milhares, Amor, eu te vejo
Eu te sinto, Amor. E ouço claramente. O seu cheiro é perfume de delícias...

Mario Sergio

Bem enterrado

Deixe-me mergulhar nas suas covas
Melhor enterro não pode haver
Quero vê-la nos meus braços, senti-la nos meus braços
Quero lamber cada pedaço de você

Deixe-me ser coberto pela brancura que te é inerente
Envolva o seu corpo no meu, a sua alma na minha
Quero vê-la sorrir, quero vê-la se rir e até gargalhar
Esses lindos dentes... Bem aparelhados, por sinal

E a boca então? Doce algodão
Lábios de mel... Não os esqueço, chamo por eles nas noites vazias
Eu preciso!... cheirar o seu cabelo
Uma necessidade mais real que a própria respiração
Nem mesmo o oxigênio me faz tanta falta
Nem mesmo o ar mais puro, mais livre de poluição

Menina... Eu te espero. Veja só, é evidente
Quanto tempo? Nem eu sei
Alguns anos. Não. Décadas. Séculos...
Seja minha. Renda-se como um pássaro que se deixa engaiolar
Desde já, armo a minha arapuca
E anseio pelo estalo que me dirá: "Já estou pega!"

Mario Sergio

Que vida!

E ele ia por ali e por aqui
Às vezes, sorria pra um pombo
Até cumprimentava um faquir
Não era algo corriqueiro. Inabitual

Dentro da sua mente, ele comandava
Capitão de uma frota estelar, de um navio mercante
Dono de um edifício à beira-mar
Verdadeiramente o tal

Mas acordava (nem tinha dormido), notava quão necessitado...
Necessitado vivia. Faltava amor, faltava esperança e a fé...
A fé já não ardia como deveria

Pobre, pobre rapaz. Em busca da paz, perdeu toda a paz
E quem disse que se importava?
De um jeito bizarro, isso até trazia alegria!

Porque essa era a vida. Era a vida! Vibrante, pulsante
Mesmo na melancolia, tristeza, falta de qualquer valia...
Essa era a vida. E que vida!

Mario Sergio

Bobo, eu?

Mas e aí, me diga: E daí que eu sou como formiga?
Vamos! Me diga. Eu vivo aqui e vivo como posso
Atravesso as distâncias num piscar de olhos
Claro que não da maneira como você imagina

É... Não tenho dinheiro. Muito menos status
Eu sou um bicho matreiro. Confesso sem embaraço
Me viro nesse mundo. Já pensei (e ainda penso) em partir
Rápido, veloz. Um, dois, três segundos e tchau

Nem vou. Permaneço. Alegro e entristeço
Até rezaria um terço. Mas oro ao meu Deus
Recebo consolo e me fortaleço. Os arrogantes me chamam de bobo
Mas e daí? Que parte tenho com eles? Não os vejo pagando as minhas contas...

E nessas e outras e tantas mais, continuo buscando gotas de paz
E de amor. Apesar de ele não ser muito simpático a mim
É... Acho isso péssimo. Acho ruim. Porém não me entrego
Podem dizer que sou um prego. E se quiserem, me martelem!

Mario Sergio

Se engane não, coração

Bobo coração enganado na casca do ovo
De novo, de novo e de novo

Parece besta, coração
Vê se aprende e se arrepende, se arrepende

Deixe pra lá essa bobagem de amar
É uma bobagem, que bobagem!

Encha a sua bagagem, uma viagem cairia bem...
Se não for pra o Amapá, vá logo pra Belém

Ou saia por aí imaginando, rodopiando na minha mente,
Mas largue desse papo de querer gente, coração

Mario Sergio